A MINEIRINHA

A MINEIRINHA

Sobre este livro:

Nasci no berço mineiro, de imensidão cultural. Sou filha dos montes e das estradas reais. Brinquei, de pés descalços nas ruas, com meus vizinhos. Sou da terra do minério de ferro, dou das minas de ouro. Cresci ouvindo o som da Maria Fumaça ao fazer minhas viagens. Ouvi o sino de igrejas soar em minha cabeça a cada vez que voltava para casa. Meu cabelo queimado pelo Sol sou morena faceira e menina brejeira, do interior. De pés descalços pelos caminhos de pedra, pulando em beiras de cachoeiras, bebendo café com leite quentinho e pão de queijo recém-feito. Nunca tive mar, mas tenho cachoeiras e rios; tenho céu mais lindo desse Brasil; e tenho a simplicidade de comer um doce de leite na varanda da minha casa enquanto conto um causo para alguém. A cada tarde, o vento me trás o sopro de uma ciranda da infância, e confesso ainda correr pelas ruas como se ainda fosse uma criancinha. É incrível ter uma prosa boa, papear sobre o folclore e contar causos. Sou filha dos casarões coloniais, tenho um sotaque de caipira e jeitinho do mato. Cresci pensando nas festas juninas, admirando o pôr do sol e usando vestidos rodados em festas caipiras. Sou berço da inconfidência, nasci no celeiro da arte, sou goiabada com queijo e banho de lagoa. Sou a que acorda cedo ouvindo o galo da vizinha cantar, sou a que dança forró com desconhecidos. Sou Mineirinha, rápida, esperta, perspicaz, tenho atitude, sou ousada, às vezes explosiva, às vezes tímida, sou atrevida, atrevidinha, atrevidona, sou sapequinha. Eu nunca abandonarei Minas Gerais, minha querida menina e minha abençoada mãe.