IMAGINÁRIO - As versões do inconsciente

IMAGINÁRIO - As versões do inconsciente

Sobre este livro:

Gostaria de me fazer inteirado
melhor medido e bem menos pesado,
já totalmente concluído
teria na mente tudo bem mais baseado.
Dos mestres teria todos os mestrados,
dos doutores os doutorados,
dos pensadores suas teorias
e de todas as filosofias, o sábio.
Assim, desceria do muro num terceiro lado
ouviria seus pensamentos, leria seus lábios,
enxergaria pelo seu olhar com meus olhos fechados.

Regressaria a me ver no prefácio do gênesis
e no último capítulo do apocalipse,
ao nascer do sol no seu raiar
e da lua no seu eclipse.

Poderia ser de sua vida o seu mundo,
e do seu mundo sua terra natal,
do seu coração achar o fundo
da sua casa o seu quintal.

Saberia eu do ardor
dos teus sentidos feridos
da alma o doloroso
da carne o dolorido.
Me sentiria no furor
de todos os teus gemidos
o prazer do pecaminoso
no lazer de tua libido,
criminoso, ou o nada proibido.

Seria da existência um eterno funcionário,
de serviços prestados à essência e ao mortal.
Eu, um espírito honorário
um anjo bom de gênio infernal.
Da alma, o diário,
da mente, o manual
do amor, o dicionário
da vida, o abecedário
da morte, o mandato fatal.

Do mundo teria o mapa
como uma cortina de paisagens
camuflagens, em minhas passagens extraordinárias.
Dos céus herdaria uma capa pra voar
feita da nata estelar,
para minhas viagens interplanetárias.

Mudaria em tudo em um segundo,
do normal ao confuso
de mim o emissor
à eu próprio o destinatário,
dentro de mim e fora do sério
e sem noção de fuso-horário
correria de um à outro hemisfério.

Estaria então incluso
em cada versículo das sagradas escrituras,
um intruso discípulo, num capítulo à parte.
Seria próprio de todo tipo de cultura
como as peças de arte.
Eu, um habitante de Atlântida
um visitante de Marte.

Sem tirar proveitos do destino
como um monumento no centro da praça
um coligativo entre os cenários.
Sem entrar nos conceitos do divino,
mais um fundamento por dentro da raça
no coletivo do imaginário.