CAGA-REGRAS

CAGA-REGRAS

Sobre este livro:

Todo mundo caga
regras também

*


Estou sempre esbarrando em alguém para ser livre. Se houvesse liberdade o mundo seria uma loucura. Eu podendo sair por aí com Rimbaud e Baudelaire. Viajando para Angra dos Reis.
Rimbaud matou uma onça outro dia, de noite. E outro dia, de dia, comemos, nós dois, a gororoba do hospício. Eu e Rimbaud.
Ele está internado devido às drogas. Manca um pouco e deve ter lá os seus quarenta anos.
Cheguei a perguntar porque escreveu tão pouco. Ele me disse que detestava escrever.
Eu gosto é de sentir o vento sobre os meus cabelos, dizia.
No hospício há brisas perigosas para um cara franzino como Rimbaud, mas ele é safo, sabe se ver livre das adversidades.
Logo estará recebendo alta.

*

Hospícios são lugares tão bonitos
lembram os cemitérios

Remédios azuis são tão ingênuos
lembram alguns internos

Há ladeiras e um grande degrau
e flores e gente e muita gente

Muita gente gritando comigo
como se só eu pudesse ouvir